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Araraquara: ocupação com tesão (por melhores condições de assistência estudantil)

sábado, 27 de abril de 2013.
Ave Butler!

Post que marca minha erguida de cabeça e retorno ás lutas-mesmo sendo só apoio moral:

Lembram do caso dos estudantes que foram sindicados porque estavam fazendo "coisa feia" na UNESP de Araraquara? Pois é, o bicho pegou por lá e os estudantes revoltados com a situação ( a expulsão de 5 alunos do alojamento por motivo torpe) se rebelaram e ocuparam.o campus.



PARA ENTENDER A OCUPAÇÃO EM ARARAQUARA


"- Têm moradia de graça, comida subsidiada no Restaurante Universitário e bolsa, e ainda querem beber e fazer orgia no espaço público?


Moradia estudantil como um espaço público comum é uma concepção que deve ser problematizada logo de início, pelo simples fato de que é um espaço de residência, as pessoas vivem lá (!), convivem e lidam com sentimentos de amizade, solidariedade e coletividade, e ademais, lidam com os sentimentos contrários. E é só por isso que as regras que servem para o parque, para a praça ou para a universidade, não podem e não devem ser as mesmas que para uma moradia estudantil. Pelo outro simples fato de que as pessoas moram lá e de que não são todas as pessoas que lá podem morar, mas um público restrito, que estão em uma situação específica de estudantes de uma universidade pública sob a condição de estudantes de comprovada carência econômica. Garantidos por lei no âmbito de Política de Assistência Estudantil no Ensino Superior Público, sob a perspectiva de que todos têm direito de acesso à educação, assim como de permanência, garantida pelo estado. Parece lógico, mas não se deu como direito a não ser através de lutas e não se dá na realidade a não ser através destas também.
Essa punição é justa por motivos de boa convivência, já que existiram incomodados com a ‘orgia’, a ‘suruba’, com o ‘verdadeiro bacanal’, o ‘ato sexual grupal’ ou qualquer outra denominação que foi empregada? O fato foi que os envolvidos, acusados e acusadores, tinham problemas pessoais, de convivência, como acontece em qualquer moradia, em qualquer espaço onde convivam mais de 100 pessoas diariamente. E os acusadores negando as instâncias próprias da moradia de resolução de problemas, como a assembleia, enviaram uma carta à direção e isso ocasionou em 5 expulsões. Revelando como o próprio corpo administrativo da FCL não considera o regimento sob o qual nos incita a irregularidade, que prevê 3 processos de punição: o 1º seria uma advertência verbal, o 2º uma escrita e o 3º a expulsão. A antiga direção, então, partiu para a 3ª instância e entendemos que isso se deu por motivos morais sim!
A situação é a seguinte, a ocupação está rolando desde terça-feira (23/04), e desde então um grupo de estudantes moradores e não moradores estão passando a noite no campus em solidariedade aos expulsos, como ato simbólico de que se já não possuem onde morar, então, vão morar no campus. "
Por Josiane Guarani-Kaiowá


Bonita atitude. Vamos à luta, galera!

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Manifesto Neo-Romântico Libertino e Libertário

segunda-feira, 22 de abril de 2013.
Ave Butler! Hail Mott!

Algumas pessoas têm acusado este blog de ser violento e apelativo. Sim, é tão violento quanto a vida

Post publicado com carinho especial para Claudia machado que tem sido .uma grande amiga no Rio de Janeiro
   e à minha amigona e companheira. Barbara Trelha, que me ajudou com sugestões para criar o seguionte Manifesto:

 Manifesto Neo-Romântico Libertino e Libertário



“Faça o que queres há de ser o todo da Lei. Amor é a Lei. Amor sobre Vontade” (Aleister Crowley)

O romantismo é a única forma de amar realmente libertária.

Vivemos num mundo em que qualquer tipo de sentimento que não seja a ganância e o hedonismo é considerado doentio, patologizado e criminalizado. Chegamos ao ponto em que não se tem coragem de usar a palavra “amor”.

Acusam-nos erroneamente de apoiarmos o patriarcado e a burguesia. Afinal, não há nada mais capitalista e patriarcal que um grupo de libertinos vomitando poesia no espaço laboral, maculando as catedrais com maus suspiros, adornando os campos santos dos cemitérios com vinho profano. O patriarcado é nosso principal inimigo, e nossa sobrevivência  depende da implosão das cadeias de poder estabelecidas pelo gênero.
(annonymous?!)

O Romantismo é anticapitalista e libertário por natureza. Sem emoção e tesão não há Revolução.
Nossa luta é contra a insensibilidade e a covardia moderna. É contra o machismo, o feminismo, o libertarianismo e qualquer “ismo” que exclua o que há de mais humano em nós: sonhos, fantasias,  sentimentos. Marchamos para que toda forma de amor seja igualmente válida. Inclusive aquelas que não se reconhecem como tal. Como românticos militantes, somos radicalmente humanistas.
Dizem das sacadas dos arranha-céus que os românticos morreram. Se morremos, voltaremos para assombrar como banshees ébrias a burguesia mecanizada, entoando eternas sonatas voluptuosas e atrapalhando a contagem do seu vão tesouro.

Acusam-nos de idealizar demais. Grandes pensadores, artistas e lideres idealizaram, não apenas o amor, mas sociedades utópicas inteiras. Marx, Fourier e Bakunin eram românticos. A imaginação é o passo primordial e inexorável  da realização humana.  Se o Romantismo constrói sociedades igualitárias, da mesma maneira sugere amores includentes, fora da lógica patriarcal. Os maiores poetas eram também, libertinos. O chamado amor-livre é filho da revolta romântica contra a moral vitoriana. Não existe amor que não seja livre, conquanto fruto da vontade individual.

Cuidado, isso é uma granada!
Julias e Claudias não são nossas amantes prediletas. Mas poderiam sê-las se seus pais consentissem que dormissem sob nossos lençóis rotos. Filmes da Disney (que ensinam o sexismo, criando príncipes e princesas) não são românticos. São meramente capitalistas. Assim como o é todo pseudo-libertarianismo que censura nossas falas e apregoa eufemisticamente um hedonismo baseado apenas em status e fetiches. O amor é a única razão da existência humana, indiferente de o chamamos de “companheirismo”, “idealização”, “política”...

Já privatizaram nossos desejos e até nosso jeito de amar. O capitalismo vulgarizou nossos ideais, transformando nossos gritos abafados  de dor e paixão avassaladoras em meros souvenirs, convertendo  nossas fantasias em  toscas relações de poder.

Por isso, é preciso novamente resistir. E a história demonstrou que não se param canhões e tanques com falos e bombardas,mas com flores,suor e poesia.

Mudam-se os atores, permanecem as idéias. As "filas andam", as cadeias se fecham, as esteiras (das fabricas) rodam. Mas nossos amores e sentimentos assim como nossas idéias continuarão de pé!
Decantamos uma sociedade baseada na gentileza, na felicidade, no sacrifício pelo ser amado (conquanto extensões de nossos desejos). na amizade e companheirismo sinceros.

Nós somos os subversivos, nós somos os que se levantam contra a ditadura niilista do Eu Lirico reprimido.
Contra a capitalização, marxização e colonização dos sonhos! Contra a frigidez cotidiana e o imediatismo brochante.  Abaixo a mesmisse e o tédio estabelecidos!

Longa vida ao Amor Romântico!

Carpe Dien!

Clipe muy brega de hoje:

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(Atualizado)"Contra os trotes broxantes!" (ou "Calouras à procura de umx donx")

sábado, 6 de abril de 2013.
Ave Butler! Hail Mott!

* Contribuição a todxs militantes feministas, LGBTs e do ME, sobre um tema que vem me incomodando à anos. Perdoem-me se minha linguagem parecer rude e desrespeitosa,foi o que consegui.

ATUALIZAÇÃO (24/02/14): Republico este texto para dizer que mudei de concepção. Ao encontrar um texto no site da Revista Fórum sobre o tema, percebi que não apenas minha visão estava correta como o negócio é bem mais embaixo. A partir de hoje o meu lema será "TROTE BOM É TROTE NENHUM":


(...) “O trote é um processo seletivo para você entrar em um grupo – o dos trotistas – que exige obediência e silêncio. Não é pra entrar na universidade, é pra entrar nesse grupo específico que disputa o poder e o controle da universidade. Esse grupo exige o trote violento. O teste tem que ser dolorido, só assim será de fato visto como um teste”, indica Antonio Ribeiro de Almeida Junior.(...)
(...)“No pedágio, você pega os alunos de primeiro ano e coloca na condição do mendigo. É um preconceito de classe. Analisando os apelidos, percebe-se que fazem referência à origem étnica, opção religiosa, sexual, características físicas. Por exemplo, se o sujeito é muito alto, vai se chamar algo como Bambu, se é negro, vão falar que é a Branca de Neve. Essas barbaridades que ocorrem nos trotes aparecem como comemoração, alegria”(...)
FONTE: http://revistaforum.com.br/digital/134/trote/ 

CONTRA TODOS OS TIPOS DE TROTE, INCLUINDO OS "SOLIDÁRIOS"!!!
NÃO EXISTE TROTE SOLIDÁRIO. TROTE NÃO É DIVERSÃO. É VIOLÊNCIA E PODER!!!
NÃO EXISTE TROTE SEM OPRESSÃO. 





"Calourxs à procura de umx donx..." 


 Escrevo essa na esperança de poder manifestar minhas severas criticas, em forma de desabafo, ao slogan “veterano não é dono de caloura”, utilizado por alguns colegas do ME. Vou lançar mão daquilo que me é mais caro e da forma de discurso mais honesta que existe: minha experiência empírica pessoal, que imagino ter ecos entre vários grupos de estudantes. Alguns colegas tem se referido ao grande sucesso dessa campanha e do enorme apoio. Pois bem, sou uma voz dissonante, e quero defender meu ponto-de-vista.

"... mas será que não ficou ninguém de fora?"
 O trote é um ritual de passagem, um momento único na vida do indivíduo que representa em nossa sociedade a entrada na mundo adulto. Em algumas tribos da Amazônia, os meninos são obrigados a realizar danças e feitos que demonstre sua virilidade (meter as mãos em formigueiros, andar sobre brasas, etc...) as meninas ficam presas nas ocas, ou semelhantemente passam por provações que demonstrem que elas estariam preparadas para ser consideradas mulheres. O trote é um momento crucial na formação social e psíquica da juventude, ao menos na formação dos jovens que têm acesso a uma rara vaga na Universidade, o que já torna esses espaços extremamente elitizados.

 Têm-se conceituado “opressão” como “ a diferença que gera desigualdade”. Discordo. Toda diferença tende à desigualdade, pois não se pode conceder direitos iguais aos “diferentes”, uma vez que, pelo fato das necessidades individuais nunca serem as mesmas, algumas pessoas acabarão recebendo mais do que necessitam (de uma forma geral, prejudicando o lado mais fraco). “A cada um conforme a necessidade”. Não, a opressão ocorre quando a diferença se transforma em exclusão. Fala-se muito em opressão, em exploração, mas falar em exclusão é um grande tabu.

 O slogan “veterano não é dono de caloura”, construído à partir de um discurso sobre a sexualidade,  peca em vários quesitos, justamente por se basear em pressupostos universais, numa lógica discursiva que, quando não contestável, torna-se excludente por desconsiderar as múltiplas exceções à norma. É elitista e tende ao machismo, à heteronormatividade, ao racismo e à defesa de todos os padrões estéticos impostos pela sociedade (que sabemos bem estar disponíveis apenas àquelxs que têm acesso ao capital). Explicarei  abaixo:

“Machismo” é uma forma de sexismo que busca justificar e naturalizar a suposta subordinação da mulher sob o domínio masculino. É justamente a lógica implícita nas falas que colocam o homem sempre como “o opressor”, o “dono”, o “ativo”, que põe a mulher no papel naturalizado de “objeto” e incapaz de promover ataques aos calouros. Justifica-se o suposto temperamento recatado das veteranas não no discurso de que mulheres são “santas” (pois não é o que defendemos) mas simplesmente no fato de serem mulheres.

 É heteronormativo e cissexista, pois ao afirmar uma relação explicita entre homens e mulheres, parte-se do pressuposto que relações de poder baseadas no desejo e sexualidade são inerentes apenas a pessoas cisgêneras e heterossexuais. LGBT’s não sentem desejos, ou será que são criaturas angelicais, incapazes de oprimir Xs calourXs? Da mesma forma a frase machista “calouro não pega mulher”, que já ouvira em alguns trotes, além da óbvia objetivização das calouras, ainda impõe uma hierarquia, um monopólio da violência moral dos veteranos “machões” sobre as veteranas, os outros veteranos e os calouros em geral, independente de gênero. Quem disse que As veteranAs não podem desejar ser “donas” dos calouros, ou mesmo, de outras calouras? E as pessoas que não cabem nesta dicotomia maniqueísta “homem versus mulher”, quando poderão gozar destes espaços em suas vidas, momentos que deveriam ser marcados pela festividade e pela receptividade?

 É a velha lógica do macho-alfa dominador, instintivamente imposta nos trotes, neste vestíbulum para a vida adulta. O trote, pensado á partir da ótica do gênero e da maneira como tem funcionado, na prática só serve para ensinar à juventude quem comanda a sociedade: os homens, brancos, cisgêneros, heterossexuais, da classe-média, “bombados” e principalmente acima de tudo ,viris. Infelizmente, uma lógica perversa e animalesca que tem reinado na maioria das instituições e coletivos da esquerda (a direita preferimos nem discutir) e do Movimento Estudantil.

Além de machistas, os trotes são gordofóbicos, gagofóbicos, pobrefóbicos, xenofóbicos... e nenhuma opressão é menos importante de ser considerada ou combatida que a outra. Me dirão alguns que a campanha contra o trote machista é de maior urgência por ser o mais frequente e evidente. Mas o problema é justamente o fato de que outras formas de discriminação fora do tripé “machismo, racismo e homofobia” se tornam invisíveis e deixam de ser discutidos e combatidos, dando ao individuo a justa sensação de abandono e exclusão, no momento em que mais precisa de apoio.

Assim, tal slogan da campanha contra o machismo passa a contemplar apenas uma elite de mulheres brancas, jovens, cisgêneras, heterossexuais, da classe média e suficientemente inscritas dentro dos padrões de beleza, ao ponto de serem desejadas e “domesticadas”- muitas vezes não a contragosto, pois entendem tal ato não como opressão machista, mas como “empoderamento” pessoal, como símbolo de status sobre as outras, seguindo um pensamento imposto pelo ideário patriarcal. Enquanto que algumas mulheres sentem-se socialmente excluídas por não terem acesso ao processo de objetização, sentem-se menos desejadas e valorizadas (ou mesmo desumanizadas) se não tiverem um “dono”. Talvez a estudante negra, pobre e de cadeira de rodas tenha seu rendimento acadêmico psiquicamente comprometido, pois nunca teve o prazer de ter um “dono”. Mulheres cadeirantes também possuem libido? Aliás, veteranos menos viris também sentem desejos?

Antes que me acusem de ser machista, não concordo e aliás, prego incansávelmente que devemos militar contra a cultura excludente, que impõe às mulheres que elas devem desejar servir aos homens; que os homens fora do padrão viril, devem ficar calados ou se expor à vexação publica; que as pessoas que não se enquadram em nenhuma norma consagrada de gênero devem aceitar como destino apenas a violência e o desprezo. O que tem faltado às esquerdas é pensar as opressões de forma menos superficial, fora da falsa idéia de hierarquia materialista que categoriza de forma engessada o “opressor” e o “oprimido”. As relações de poder, como se tem demonstrado, não se dão sempre de maneira hierárquica, mas na maioria das vezes de forma horizontal ou formando “teias” complexas no tecido social. E as opressões que têm por base sexo e sexualidade se estruturam em complexas redes de poder, fetiche e desejo. Aliás, “poder”, “fetiche”, desejo”, “subjetividade” e “exclusão” também são tabus, que deveriam ser minimamente discutidos pelas esquerdas, que muitas vezes acabam reiterando sem perceber a lógica malafáica de que “preconceito é quando bate, mata ou estupra”. Ou só quando gera exploração capitalista.

Tal slogan é equivocado justamente por não ir ao fundo da questão, as relações de gênero, que por sua vez não tem absolutamente nenhuma causa material ou econômica, não tendo em sua origem nenhuma relação com a propriedade privada e é muito anterior ao Patriarcado.

Não precisamos apenas de trotes que não sejam opressores, mas de rituais que sejam includentes (aliás será que precisamos mesmo?). Por isso, proponho como slogan, que acho muito mais progressista de ponto-de-vista da sexualidade e do empoderamento das minorias de gênero: "Contra os trotes broxantes", . Para que todxs possam participar e gozar juntxs. E de preferência no escurinho para não haver discriminação e exclusão.

Dorothy Lavigne, estudante de história pela UFRJ e transfeminista

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