TEXTO QUE ESCREVI COM UMA AMIGA, PERFORMER PORNOTERRORISTA, A MARVEL NESSA (QUE NA VERDADE FEZ UMA TRADUÇÃO DO PREFÁCIO DO LIVRO "PORNOTERRORISMO" DE DIANA J. TORRES), PRA SER APRESENTADO COMO RESPOSTA E EXPLICAÇÃO DO ATO ULTRA-POLÊMICO NA JMJ- O TEMA MAIS POLÊMICO DO ANO DE 2013, ALIáS-, MAS QUE ACABEI DEVENDO PROS LEITORES:
Sobre Pornoterrorismo (por Erzulie Medusa Byron)
As reações e o mal-estar causado pela polêmica performance na ultima
Marcha das Vadias de Copacabana, levada à cabo pelo Coletivo Coyote, nos colocaram
a necessidade de fazer alguns apontamentos importantes. Não importa de formas
contra ou à favor, o importante é que este julgamento deve ser minimamente embasado.
O que chamamos de Porno-Terrorismo s nada mais é do que
uma vertente mais politizada e violenta do pós-pornô, que busca propiciar
reflexões sobre gênero, sexualidade, Estado, opressões etc... a partir da
lógica do "tratamento de choque", mostrando à sociedade
heteronormativa aquilo que ela não deseja ver, que prefer jogar para baixo da tapete- nossos tabus e eneuroses. Neste sentido, este tipo de ato
artístico-político tem a mesma função das fotografias chocantes de crianças
esfomeadas da Africa ou das cidades, porém considerando não a fome
física, de ordem econômica, mas a repressão dos corpos e da sexualidade.
Mas o que é pós-pornô?
Muito confundido, inclusive em meios feministas da esquerda, com pornografia "machista e vulgar", trata-se de uma tentativa de quebra de paradigmas do modelo de sexualidade dominante, “pai-mamãe". De fato é uma critica bastante recorrente e acertada de que a pornografia tradicional é machista, falocêntrica e desvaloriza a sexualidade das mulheres.
Muito confundido, inclusive em meios feministas da esquerda, com pornografia "machista e vulgar", trata-se de uma tentativa de quebra de paradigmas do modelo de sexualidade dominante, “pai-mamãe". De fato é uma critica bastante recorrente e acertada de que a pornografia tradicional é machista, falocêntrica e desvaloriza a sexualidade das mulheres.
O modelo usual de pornografia segue uma lógica fixa, um script presumível: começa com uma estorinha (na maioria das vezes não tem
e quando tem, mostra a mulher como uma "presa fácil e bobinha"
destituída de libido e de vontade), passa-se à felação, ao sexo vaginal e
anal e termina num "gran-finalle", a ejaculação masculina. Com
pouquíssimas variações. Não precisa dizer que este modelo é heteronormativo,
pois entende o ato sexual como mera penetração. Mesmo quando se resume a
penetração oral, com a presença de travestis, masturbação, carícias entre
mulheres lésbicas, os mesmo elementos normativos estão presentes, para
empoderamento e deleite exclusivo do macho, sendo este o grande consumidor desse
filão.
Jà o pós-pornô se propõe, enquanto vertente de arte performática, usar
os corpos para destruir esta lógica. Se utiliza de elementos e sensações
praticamente desconhecidos pela industria pornô, sejam eles o uso de sons e
música "exótica", uso e ressignificação de objetos- como no
caso em questão de crucifixos e imagens, É visceralmente politica e
feminista porque busca desconstruir o sexo enquanto construção de
relações desiguais de poder- e não falamos somente de pornografia comercial já
que o sexo é onipresente nas relações sociais. Nossos corpos e desejos se tornam o campo de batalha, de repressão e libertação.
Assim, a perfomance polêmica da Marcha das vadias pode ser entendida sobre multiplos ponto-de-vista. Como arte seria a ressignificação de um tema religioso para apresentar uma mensagem que o extrapola. Façanha parecida foi feita numa versão da Santa Ceia com travestis, e as inúmeras versões polêmicas da Paixão de Cristo produzidas por Hollywwod. Como manifesto político, o icone religioso se transforma nas correntes que prendem o oprimido, candeia que precisam ser quebradas. Representa a repressão sexual imposta pela Igreja por séculos e paralelamente, um retorno ao sagrado feminino vilipendiado e amordaçado.O problema não é a imagem e sim o sexo.
Assim, a perfomance polêmica da Marcha das vadias pode ser entendida sobre multiplos ponto-de-vista. Como arte seria a ressignificação de um tema religioso para apresentar uma mensagem que o extrapola. Façanha parecida foi feita numa versão da Santa Ceia com travestis, e as inúmeras versões polêmicas da Paixão de Cristo produzidas por Hollywwod. Como manifesto político, o icone religioso se transforma nas correntes que prendem o oprimido, candeia que precisam ser quebradas. Representa a repressão sexual imposta pela Igreja por séculos e paralelamente, um retorno ao sagrado feminino vilipendiado e amordaçado.O problema não é a imagem e sim o sexo.
(parte da Nessa):
Marvel Nessa <3 |
Nestas ações o corpo ocupa
todos os lugares, este não é a sua arte, é antes a sua linguagem. Expõe-nos um
corpo aberto revelador de um sofrimento, é o testemunho de uma identidade, da
experiência perceptiva, de certo modo social, é um corpo que expõe, denuncia e
faz falar os mais íntimos segredos individuais e coletivos. Mas é precisamente por isso que o
corpo exposto se torna estranho: por ser carnal, biológico, humano e, não um
corpo idealizado pela perfeição. Não devido a uma artificialização ostensiva ou
à sua comunhão perfeita com a técnica, e nem à intervenção de algum misterioso
agente extra-mundano, mas é justamente por ser de carne e osso que ele se torna
medonho. Porque é um conjunto de vísceras que incrivelmente vivem, pensam e
sentem. E isso, por si só, serve para provocar um sentimento de estranheza com
relação ao que somos: uma desnaturalização da nossa corporeidade em sua brutal
condição anatômica, pateticamente finita e incompreensível.
O Pornoterrorismo - de Porné
(em grego, Prostitua pobre ou escrava) e Terrorismo (Sucessão de atos de
violência executados para infundir o terror) é, herdeiro desse viés artístico
embora em seu manifesto se coloque enquanto anti-arte.
Diana J.Torres |
“O
pornoterrorismo é ação e conceito. As ações requerem experiências para nos
empoderar, enquanto os conceitos projetam seu significado no tempo abrindo a
possibilidade de que, em algum momento, se questione sua aplicação, permitindo
ou levando a outro contexto. E ai reside seu potencial. [...] O pornoterrorismo
nos recorda nossa materialidade, nossa animalidade, nossa brutalidade e,
sobretudo, nossa sexualidade, nosso desejo. Mais ainda: nos diz que tudo isso
que cremos como nosso, é território colonizado, e que é nossa responsabilidade
expulsar o inimigo invasor. Ninguém virá nos salvar. O pornoterrorismo tampouco.
Mas que se atreva o tempo duro a desafiar o infinito de uma vagina e um bom
gel. [...] A História já nos demonstrou que a revolução é algo além de
barricadas ardentes, encarceramentos massivos e hordas enfurecidas. Nesses
tempos que vivemos, não há outra possibilidade de mudança radical que as
pequenas ações que cumprem com o princípio da teoria do caos. E se o bater das
asas de uma borboleta pode causar um tsunami no outro lado do mundo, me
regozijo de prazer e esperança ao pensar o que pode ocasionar uma orgia sobre
os cenários do mundo.” (tradução livre minha) -
( Diana J. Torres, no prefácio de "Pornoterrorismo)
Praquem se interessou e quer saber mais: http://pornoterrorismo.com/
( Diana J. Torres, no prefácio de "Pornoterrorismo)
Praquem se interessou e quer saber mais: http://pornoterrorismo.com/
No closet
Desbundai e putiái!
2 Comentários:
Lo siento mucho gente, pero donde decís Hellen Torres, en realidad es Diana J. Torres, en todos los casos, está en la portada de mi libro! jajaja
Agradeço muitíssimo pela devida correção. Devo ter encontrado este erro em algum site ou no Google e será imediatamente corrigido. Proponha que vc procure no Google pq provavelmente ha algum outro site com o mesmo problema. Gracias! Muitíssimo obrigadx pela visita.
PS não te respondo em espanhol pois meu conhecimento nesta lingua é terrível
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