Dando sinais de vida depois de muito tempo sem atualizar essa *birossssssca. Pra quem ainda não sabe, passei no vestibular "falcatrua" (Sisu) da UFRJ, para onde deverei me mudar ainda nesse mês se tudo der certo e já estou treinando meus essssessssssss para dialogar amigavel e eroticamente com asssss cariocassssss. Como eu sempre digo, Aqui no Paraná não temos sotaque. Que tem sotaque é o pessoal mais pro norte. ;)
Para primeiro artigo desse novo ano, vou começar por onde deveria de ter começado desde sempre. Posto aqui um video da querida diva Barbara que uma verdadeira aula sobre Teoria Queer. Perfeito na didática e nos exemplos, a Bárbara simplesmente me economizou uma interminável ladainha. Um dos melhores videos do ano passado, com certeza.
Teoria Queer? Mas que porra é essa? Veja o video:
Diante de uma explanação tão interessante, coerente e competente, resta-me muito pouca coisa a comentar.
As estratégia políticas "queer" , apesar e toda uma critica de que o discurso pós-moderno e a chamada terceira onda feminista de onde surgiram, formam um conjunto de praticas e um ética revolucionária não-marxista e não-classista. Não faz o menor sentido ficar pregando teorias e esperando alguem algum dia messianicamente vir a se organizar e salvar a humanidade (seja um heroi ou uma classe de heróis) se não fazemos algo palpável no nosso dia-a-dia. Nesse sentido a TQ é ultrarevolucionária, porque, paradoxalmante a criticas de alguns teóricos ao marxismo e ao feminismo tradicional que vêem maniqueismos em tudo (relação entre o explorador versus o explorado) acaba por atacar ferrenhamente o que a burguesia capitalista tem de mais sagrado: a divisão sexual do trabalho a partir da naturalização das relações de gênero.
Por outro lado a TQ se opõe a algo que chamamos, em parte pejorativamente de "identitarismo estratégico". Seria aquela idéia de que para estudar melhor ou viabilizar politicas publicas (no caso brasileiro) seria necessária uma classificação da população em conceitos limitados, as letrinhas LGBT. Não discordo nesse sentido, mas não podemos nos esquecer que a repressão e o policiamento também são polliticas publicas e a classificação dos sujeitos é o primeiro passo para se obter este tipo de controle. Assim o identitarismo, que num primeiro momento se propõe a garantir direitos básicos, acaba se tornando uma armadilha, excluindo quem não consegue ou não quer se enquadrar, criando minorias dentro de minorias e absurdos sistemas de status- a mundialmente famosa Pirâmide da Respeitabilidade LGBT .
A TQ surge historicamente num contexto bastante interessante, nos alienados anos 1990. Surge em meio aquilo que chamamos de Crise dos Modelos Explicativos, quando, com a queda do Muro de Berlin e o esfacelamento da URSS, o discurso hegemônio era o de "fim da história e das ideologias" e "vitória final das democracias ocidentais e das economias de mercado". Diante dessa perspectiva a resposta inteligente dos teóricos queer foi "assim sendo o moderlo explicativo que naturaliza as relações de genero também ruiu, logo temos que construir outro". Desde então ha um embate em definir até que ponto o gênero é construído socio-culturalmente ou pode ser meramente biológico. Meu ponto-de-vista é que se trata de um desrespeito a nossa inteligencia afirmar que existe algo de biológico e "natural", porque ignora e desqualifica a própria experiência humana. É como se fossemos meros bonecos feitos de amaranhados de DNA e RNA e não seres sociais e agentes históricos que aprendem e evoluem com as proprias falhas e acertos. Falarei mais sobre este neo-mecanicismo nos proximos artigos.
Por hoje é só pessoal.
Mais um vez, obrigadx Barbara pelo brilhante video.
"Superidentitarismos a gente resolve na base da porrada!"
Putiá-vos e sejogai-vos!
Desbundai...
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