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“Ânus” novo, covil novo

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012.
Ave Butler! Hail Mott!

*A imagem que abre este post simboliza meus sinceros, embora atrasados, votos de um ano prenhe de realizações e revoluções aos caros leitores. Afinal não há nada mais natalino e familiar que um macho carregando seus rebentos nas próprias entranhas.

Resolvi,depois de varias semanas em hiato, fazer minha avaliação tardia do ano que passou, e a partir desse balanço, traçar planos para o que se inicia. Não que acredite que vá conseguir realizá-los, até porque virginianos somos naturalmente perfeccionistas e não precisamos de listinhas de directivas para “surtar”. Alias, creio que não há maior paradoxo para uma revolucionária “queer”, que juntar “somos” e “naturalmente” numa única frase. Mas o grande barato de lembrar e planejar é que neste processo manifestamos e projetamos nossos sonhos e nos impomos como e naquilo que temos de mais humano, como seres desejantes.

Para quem ainda não notou, ou está pegando o bonde andando, nosso site mudou de endereço de novo. Dessa vez, resolvi assumir meu lado Medusa. Ora, trata-se de um monstro mitológico, metade mulher, metade cobra, um símbolo adotado por varias feministas, como a materialização da ira feminina. Como monstro, a Medusa é uma personificação da abjeção e do temor daquilo que é inacessível, taciturno. Sujo, e portanto, sedutor- um resumo do que seria a subversão “queer”. Mas para mim como estudante de história, tem ainda um significado especial. Ao petrificar com o olhar as suas vítimas, a Medusa monumentaliza as próprias lutas. E é justamente o que proponho e faço neste espaço:


“ADEUS, ÃNUS VELHO...”

O ano que passou para mim foi atípico, aqueles momentos-chave nas nossas vidas em que tudo dá uma reviravolta completa e o mundo vira de pernas para o ar. Meu 2011 começou no dia 10/10/10, data cabalística que prometia e de fato revolucionou meu modo de pensar e sentir o mundo. Neste dia em pleno ENUDS conheci uma pessoa muito especial e querida por quem me apaixonei perdidamente-falo de amor erótico e romântico mesmo.

Nos conhecemos numa festa, nos olhamos, nos beijamos e foi tudo tão maravilhoso que me esqueci de notar que tinha sido só aquela noite. A noite em que reaprendi a amar, uma noite que para mim nunca se acabará, pois carregarei o sentimento e aprendizado comigo para sempre. Fiz a coisa mais bela que poderia ter imaginado; arrumei as malas, comprei a passagem e fui para outra cidade, com a certeza e a fé de que nada é por acaso e que o amor me serviria de guia.

Quebrei a cara, até hoje não consegui revê-la, mas graças a essa loucura ganhei três dias de férias na Cidade Maravilhosa. Também ganhei a inspiração para escrever um das mais belos declaraçõpes de amor da minha vida aprendi a me permitir mais e descobri que sou e sempre serei “ultra-romântica” e que não posso abrir mão do há de mais valioso e puro na minha pessoa. No fim, entendo que a vida, cansada de me enviar anjos resolveu mandar uma fada para me mostrar o quanto sou importante e o quanto esse mundo é vasto. Ainda não desisti de morar no Rio, sonho em terminar meu estudos na UFRJ- onde poderei ter uma formação mais completa como historiadora especializada em gênero- onde poderei me voltar a uma de minhas maiores paixões, a ópera romântica. Ainda desejo ver essa pessoa,mas num outro contexto, pois já entendi que a missão dela foi cumprida na minha vida e trata-se de uma Amor Platônico, daqueles que se realiza no mundo das idéias, na conquista dos ideais.

2011 foi marcado por muitas lutas e muitas descobertas. Tivemos greve na UFPR. Incluindo as três categorias. Tivemos a 2ª Conferencia Nacional LGBT, marcada, pelas noticias que me chegaram, por muita politização e debate qualificado. Foi o ano em que vimos as máscaras dos teocratas e Fiscais do Fiofó Alheio começarem a cair, em que homofóbicos foram homenageados no Congresso Nacional, enquanto o Kit anti-hipocrisia foi negado pela conservadora presidenta Dilma. O ano em que se discutiu e defendeu o Dia do Orgulho Hétero, enquanto “nacionalistas” (leia-se “fascistas”) iam as ruas para “defender as famílias”. O ano em que partidos políticos manifestaram com todo furor sua ojeriza as famílias homoparentais, enquanto tivemos o primeiro beijo gay no horário nobre, não numa novela global,mas na propaganda de outros partidos. E, infelizmente para mim, o ano em que sofri , junto a tantos companheiros, um revoltante atentado heteroterrorista.

A seguir, segue minha listinha de proposições para o ano que se inicia. Estico o dedo mindinho da mão esquerda para prometer que não estou com os dedos da mão direita cruzados:

*Tocar de vez o botão “FODA-SE”: uma das coisas que aprendi em 2012 é ser menos perfeccionista elevar a vida mais na esportiva. O namoro não deu certo? Não tirei 10 na disciplina? As pessoas me decepcionaram? FO-DA-SE!!! Nunca ninguém conseguiu resolver seus problemas se estressando e eu quero reduzir ao Maximo as chances de pegar uma úlcera nervosa.

*Desligar o The Sims de vez em quando e viver mais a vida real na vida real.

*Ser menos “xarope”: o fato das pessoas discordarem do meu ponto de vista ou terem outros posicionamentos políticos não as torna minhas inimigas ou menos inteligentes. Só as torna HEREJES (palavra de origem grega que significa “aquele que discorda”). Só temos a perder com radicalismos baratos e se for para ser “xiita” ou “sunita”(olha o anti-arabismo!), que seja contra os homofóbicos. “hay que endurecerce siempre, pero perder la doçura, jamás”.

*Investir em meus sonhos: preciso urgentemente voltar cantar. Me afastei do canto coral e dos grupos vocais que amava devido a problemas com transfobia e dificuldades em me aceitar/assumir como bariton@ (baritonofobia internalizada?) e por imposição da tal “identidade de gênero” acabei desistindo dos meus sonhos. Agora preciso voltar com a corda toda e investir quem sabe numa carreira artística. Nome artístico eu já tenho, talvez seja a hora de tentar carreira solo,ou organizar minha banda.

*Cuidar mais de mim: como diria Einstein, “o corpo é um veiculo que leva a mente para dar um passeio”. Acrescento que leva a mente para passear e ver e admirar o corpo alheio. Para que me contentar com um fusquinha, se posso sair da garagem com uma Belina 78 (Brasilia Amarela é a veia!)? quem sabe não seja agora que consigo botar alguns piercings e fazer aquela tatuagem no braço? “Beleza não põe mesa”, estética é relativa, mas nunca vi ninguém ser feliz se sentindo feia. Só não pode esquecer do protetor solar. No Rio vai me ser útil.

*Fazer um curso de auto-defesa ou artes marciais- por que aprendi que argumentos só funcionam com seres humanos e animais racionais.

 *Errar mais, putiar mais, polemizar mais. Gostei da experiência ;)

*E por fim, prometo escrever “bifões” menores no meu blog, ser mais sucint@.

Por hora é só. A partir de hoje terminarei sempre meus artigos com uma belíssima pagina do cancioneiro underground (ou “popground”).





Em 2012, se o mundo não acabar, combos de orgasmo para todos!
Homofobia, a gente explode com rojão!
Putiá-vos e sejogai-vos!
Desbundai...

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