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O processo transexualizador como gerador de exclusão

segunda-feira, 24 de outubro de 2011.


"o SUS está dispendendo uma verdadeira fortuna no intituito de NÂO atender as pessoas autodenominadas "transexuais", quando deveria estar facilitando o processo"
Comentário a um texto apresentado num blog, cujo autor não consegui até o presente mmomento identificar e que está na integra no seguinte endereço:
http://devir.wordpress.com/2010/04/11/os-filhos-de-hermes-e-afrodite/




O texto é cheio de distorções da realidade e sonega informações importantes. Em primeiro lugar, se contradiz ao afirmar que transexuais buscam a terapêutica, uma vez que o mesmo apresenta a patologização como uma estratégia de setores do movimento organizado na busca por atendimento pelo SUS.

Parece-me que o autor comete uma gafe ao apresentar como argumento a ideia de que a transexualidade deve continuar sendo patologizada para que haja atendimento em território nacional e se esquece que o CID-10, assim como DSM IV são catálogos internacionais, assim como a campanha pela despatologização é interncional-ou seja, nossos problemas internos não fazem diferença alguma no processo de despatologização, cabendo ao SUS e aos segmentos que ainda pleiteiam a patologização estratégica, adaptar-se.

Agora, com todo respeito, mas o autor do texto pareceu-me desonesto ao tentar colocar em dois lados diferentes "acadêmicos" e "interessados". Como se não houvessem pessoas auto-declaradas "transexuais" ou "pós-identitárias" que pleiteiam o processo dentro ou fora do SUS (modelidade que a atual burocratização via parologização torna proibitiva) e que estão dentro da academia ao lado dos "acadêmicos".

Esquece-se também que a Campanha pela Despatologização das Identidades Trans é puxada internacionalmente por centenas de organizações ,entre elas, grupos e pessoas "trans" reconhecidas como tais como Carla Antonelli.

Outra informação que o texto sonega é que se exige a participação de uma equipe multidisciplinar para a eaboração de laudos técnicos. Ora, se a patologização serve como estratégia para o acesso dos contribuintes do SUS ao suposto "tratamento", por que tanto cuidado? Não seria mais interessante aos "interessados", que se observasse o posicionamento de apenas um "especialista"?

Na prática o que vemos, por exemplo, é um centro de referência importante, como o Hospital Pedro Ernesto (RJ), no qual se fazem em média 2 (duas) cirurgias por ano. Ou seja, o Processo Transexualizador, da forma como está configurado (e baseando-se na hipótese de que se trata de um "distúrbio", hipótese tal rechaçada pela maior parte dos estudiosos, incluindo pelo que entendi o autor do artigo) funciona na prática como estratégia de exclusão do SUS e não de inclusão. Sem falar que torna simplesmente inviável este tipo de serviço pela iniciativa privada. OU seja, o SUS está dispendendo uma verdadeira fortuna no intituito de NÂO atender as pessoas autodenominadas "transexuais", quando deveria estar facilitando o processo.

E mais: se o objetivo da "psicoterapia" é avaliar se o suposto "paciente" não estaria sofrendo de algum tipo de "delírio esquizofrênico" por que não exigir deste um "check-up" um laudo que ateste "sanidade mental" (se é que "sanidade" faz parte do vocabulário dos supostos "psicoterapêutas") ao invés de inventar "doenças mentais" novas?

Por fim, a pergunta do autor do texto a respeito de quem tem o direto de mando sobre a saúde (leia-se "corpos") dos supostso "pacientes"- o próprio indivíduo ou um suposto "saber médico", apresenta-se como uma confissão de culpa.Trata-se não de defender a saúde dos contribuintes, mas a sua "docilização estatal" e sua inclusão em normas de gênero delimitadas pela cultura.

Amplexos aos leitores,
Dorothy Lavigne,
estudante de História pela UFPR, Teorica Queer, militante da despatologização das identidades "trans". "Mulher transexual" autodenominada e portanto autolegitimada como tal.

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