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Sobre feminismo

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013.
Ave Butler!!

Ola a todxs!!!!

Venho a muito meses ensaiando um post que resumisse de forma breve e respeitosa meu posicionamento a respeito desse importante movimento social. Quem me conhece e tem visto minhas falas no Facebook e em outros lugares, provavelmene tenha alguma curiosidade.Quebrei muito a cabeça para poder começar meu texto, afinal, tudo que envolve gênero mexe com os nervos das pessoas- e admito que algumas falas bastante equivocadas me tiram do sério. Até que achei um texto no blog do Nassif de autoria do Gunter Zibelli. Mas o que me chamou a atenção foi a resposta bastante inteligente de um leitor e que reproduz esse meu ponto de vista(nossa como tem gente que pensa como eu!):


"Quero deixar aqui minha humilde sugestão ao movimento: mudar de nome. Antes que venham me detonar, deixe-me explicar porque. Peço paciência ao leitor ou leitora que não enxerga nada de novo nos parágrafos que se seguem. Realmente, eu não inventei nada disso. Não é a toa que nos meios acadêmicos os "estudos feministas" já são raros e muito mais presentes são os "estudos de gênero".
Li em outro post algo do tipo "mulheres não nascem mulheres, mas se fazem mulheres". Concordo. O feminino é um conceito, e um papel social, definido culturalmente. As crianças observam e interagem com o mundo ao seu redor, internalizando conceitos na medida em que constroem sua personalidade. Nada a discutir. O problema do feminismo da forma como ele é apresentado por muitos é deixar nas entrelinhas que são os homens os que impõe a sociedade patriarcal (insisto, utilizando-se mal do conceito de sociedade patriarcal) sobre as mulheres. O resultado natural disso é uma guerra boba entre sexos em que homens automaticamente se colocam na defensiva e as mulheres se vêem obrigadas a lutar.
Recordo-me perfeitamente dos meus anos de escola. A pressão que uma menina sofre dentro do seu próprio grupo de amigas é infinitamente maior do que qualquer pressão que eu, menino, pudesse fazer sobre ela. Também não é a preferência dos homens que faz com que mulheres se tornem magras a ponto de afetar sua saúde. O mundo da moda e das top models, como mercado de roupas, não tem como principal objetivo vender roupas para homens. Gisele Bundchen está lá como modelo para outras mulheres, para vender roupa, biotipo e comportamento para outras mulheres. Dizer que isso é uma conspiração masculina é óbvia bobagem. Nem tenho muito a dizer sobre o fato da Dilma receber mais votos de homens do que de mulheres. Mas fica aí a sugestão para os que quiserem se aventurar nessa direção.
De forma alguma eu quero culpar as mulheres por sua condição. Nem mesmo quero absolver os homens. Apenas quero dizer que é a sociedade como um todo, formada por indivíduos de AMBOS OS GÊNEROS, que reproduz o conceito de feminino e masculino, ou de hetero e homossexual.
O termo "Feminismo" acaba enfatizando essa divisão cultural e artificial entre os gêneros. Ao invés de se inspirar no "mulheres não nascem mulheres, mas se fazem mulheres" proposto acima, acaba fortalecendo ainda mais a ilusão de que existem dois tipos de seres humanos essencialmente diferentes, e que um lado está em luta contra o outro. Uma espécie de luta de classes de gênero (outra bobagem, interpretação pobre do conceito de classe).
Para avançar nessa discussão é necessário abandonar conceitos "essencialistas" de homem e mulher, ou hetero e homossexual. Entender como esses conceitos foram construidos historicamente é um passo. Entender como eles se reproduzem de uma geração para outra é o segundo passo."

Se o termo "feminismo" cria uma falsa ideia de dicotomia, "machismo" reforça o mesmo efeito. Por isso prefiro dizer que nossa sociedade antes de machista é sexista. Até porque a posição de opressor e oprimido se mesclam,uma vez que nascem de complexas relações de poder moldadas pela cultura.Antes da sociedade patriarcal impor quem oprime e é oprimido ela divide e reforça papéis, com os quais deve ser tarefa principal e árdua a implosão. Além do que tais dicotomias reforçam o padrão e a cissexualização de corpos e perfomances.

"Rosie, the Riveter"
 Sempre tive muitíssimas criticas ao corpus teórico-metodológico, que, como diz o autor da fala acima, põe homens na defensiva (sem entender o que está ocorrendo) e mulheres na obrigatóriedade de lutar contra um inimigo que desconhecem. Isto porque ninguem tem a capacidade de colocar-se no lugar de outro e segundo observado, torna quase impossivel entender a extensão as relações de poder e opressão que só na superficie parece ser solida, mensurável, qualificável.

 Outro problema é a banalização e o engessamento teórico do movimento. Concordo com Foulcault que o "GENErismo" foi (e ainda é) o principal movimento social, sem o qual as minorias sociais e sexuais não teriam a força que têm agora. Mas é vital que se adeque aos novos tempos, as subversões de gênero proprias do século XXI. Ainda há militantes defendendo bandeiras vagas como "igualdade" e ainda algumas que ignoram que um dos principais objetivos do feminismo atual é a negação da maternidade como destino e pedem creches (oi! creche é direito das crianças e não das mulheres!)  É muito fácil dizer que somos a favor da "igualdade entre homens e mulheres", dificil é definir "homem" e "mulher", debater o por quê dessa dicotomia bio-naturalizante, definir "igualdade", organizar as lutas dentro de nosso contexto...

Isso sem falar das cis-feministas (que chamo nem um pouco amigávelmente de "femachistas") que desvirtuam o debate atual de gênero, dão as mãos a seus companheiros "machistas" (ops!) e deixam suas companheiras de g~enero trans-feministas de fora. É,  em alguns redutos de "militância", é mais fácil os machistas terem acesso que mulheres trans*.

Por hora, agradeço ao Juan pela fala que me comtemplou bastante no artigo do site do Nassif. E arremato com meu mote: "NÃO HÁ OPRESSÃO DE GÊNERO; O GÊNERO É A OPRESSÃO!"

PS: Apesar das minhas falas e criticas, muito asperas e revoltadas ás vezes, estou me interessando cada dia mais pela pesquisa da memoria do movimento feminista, em especial pela construção da imagem da "mulher trabalhadoira" durante a segunda guerra e no desmantelamento dessa imagem no periodo conseguinte ;)

No closet

Desbundai e putiái!

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