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Por que não comemoro o 17 de maio?

sexta-feira, 18 de maio de 2012.
Ave Butler! Hail Mott!

A partir de agora estou decidida a atualizar essa birosca toda as sextas-feiras. Tem muita MERDA acontecendo (e algumas coisas bacanas também) o que torna um tormento ter que me calar.
Hoje vou falar de uma grande polêmica: a tal despotlogizazação da homossexualidade.

 Eu jogo meu Dildo encima da mesa e peço *truuuuco, mentirooosooo!!!!

Meu Dildo na mesa, caralho!
Já vou adiantando que tenho profundas dúvidas de que esse grande avanço mundial das políticas LGBT realmente ocorreu da forma como se diz. Na prática parece-me como futura historiadora da sexualidade (etnohistoriadora digievoluída?) mais como uma tentativa de criar um marco monumental que demonstre a "vitória do método Advocacy" (ou "pelevocacy", dependendo do seu posicionamento político) em relação a uma militância mais tradicioanal, de base- enfim, a vitória da diplomacia de gabinete sobre a organização popular. Defendo que a tal despatologização da homossexualidade NÂO se sucedeu na prática. Pelo contrário, apens mudou-se o foco das intervenções  das "ciências psi".
Parto da indagação do por quê é tão difícil se cassar os diplomas de psicólogos e psiquiatras que se propõe, indo contra o CRP, o CFP e a própria OMS, a "curar" gays e lésbicas. Se o que estas pessoas pregam e fazem se enquadra teóricamente em crime de charlatanismo e curandeirismo (que dá cadeia no Brasil), por que é praticamente impossivel que tenham seus diplomas cassados?
Seria por que o CID-10 (documento da OMS onde são catologadas todas as doenças do mundo), embora não onste mais a homossexualidade como doença, continua apresentando "furos", espaços que profissionais mal-intecionados podem corromper para justificar, inclusive juridicamente seus métodos. Falo, por exemplo, a "orientações sexual egodistônica":

F66.1 Orientação sexual egodistônica
Não existe dúvida quanto a identidade ou a prefer~encia sexual (heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade ou pre-púbere) mas o sujeito desejaria que isto ocorresse de outra forma devido a transtornos psicológicos ou de comportamento associados a esta identidade ou a esta preferência e pode buscar tratamento para alterá-la.
"Alterá-la" em que sentido? Quais os "transtornos" que  pemitiriam a intervenção dos profissionais neste caso? Quem o define?Juram de pé-junto que a tal egodistonia serve apenas no caso de homossexuais que não conseguem se aceitar  de forma "saudável" (o que é "saúde"?) como tais. Mas na prática serve para que Malafaias, Lobos e Justinos use como base para defender que alguns gays na verdade são "heterossexuais não resolvidos" e que sua missão como terapeutas é ajuda-los a reencontrar sua natural biológica a uma sexualidade que os leve naturalmente a produção de bebês. O argumento tnfelizmente tem muita lógica e se a distorsão fosse muito grande já teriam sido cassados ou presos. 
"E eles a-cre-di-ta-ram!"

A retirada do CID não impede a "cura" de LGBTs, ao contrário, cria um processo mais apurado de  "ortopedia" na origem destas relações que é o gênero  

Deixando para posteridade um "testículo" que deixei ontem no Facebook:  
Sinceramente, hoje estou bastante triste. Gays e lésbicas do mundo inteiro passaram o dia comemorando uma grande vitoria mundial: a retirada da homossexualidade do Código Internacional de Doenças (CID). Mas o que nós trans temos a comemorar? Ganhamos um "presentão" essa última semana. Mesmo com uma grande campanha mundial para que deixassemos de ser doentes, o DSM-V (que define o que é doença mental) teve a capacidade de mudar o nome do nosso "distúrbio". Agora não se chama mais "transexualismo" e sim "disforia de gênero". Decisão sem nenhum caráter científico, de forma arbitrária e na surdina, passando por cima de milhares de especialistas e militantes de mais de 20 paises.
Sabemos que muitas trans brasileiras defendem que a patologização se faz necessária para assegurar o acesso ao atendimento pelo SUS, mas pergunto: vale a pena aceitar uma "doença" que sabemos não ter para ter acesso a um "tratamento" que sabemos não precisar?
Acabo de voltar de um debate sobre direitos LGBT na faculdade de Direito da UFRJ e quando perguntei a um psicólogo convidado sobre o que ele pesnsava do tema, ma disse que para os psicólogos, "xs trans são as pessoas mais sãs que existem, por que somos as mais resolvidas com nossas identidades de gênero". Gostei muito de ouvir isso, mas sinceramente, preferia mais respeito por parte das autoridades e mesmo por parte das organizações LGBT. Quando batem em gays nas nossas ruas, isso já causa grande comoção- e com grande razão, aliás. E quando assassinam umx TTT? Ja viram alguma cena de travesti/transexual ser agradida nas ruas no Fantástico? Alguma vez a vitima não foi culpabilizada pela midia e autoridades? Gerou alguma comoção?
Parabéns aos gays e lésbicas, um dia chegamos lá :( Desculpem o desabafo...

ALÔ FEMINISTAS!!!

Aqui coloco na integra a fala da colega Aline Freitas, no grupo "Despatologização Trans." do Facebook:

 O DSM-V tende a substituir "transtorno de identidade" com "incongruência entre o gênero que se experimenta/expressa e o gênero designado". E no lugar de "transtorno de identidade de gênero" vai ficar "disforia de gênero". Se por um lado houve um avanço na linguagem, por outro o diagnóstico abrange todos os possíveis pessoas trans de todos os possíveis espectros. Sim, há um problema claro, passa-se a patologizar todo o espectro de pessoas cuja identidade/expressão de gênero diverja do que se considera aceitável para o gênero designado no nascimento
 Meu posicionamento, trocando em miúdos, para quem não entendeu: "psiquiatras especialistas" estão nesse exato momento propondo que qualquer "expressão de gênero" (teóricos queer prefirimos usar o conceito de "performance") que fuja daquilo imposto pelo discurso patriarcal seja patologizado. E isso pode valer no futuro para afeminados, "butchers", feministas  (sic) "raivosas", pós-generistas... Enquanto vocês ficam arrumando briga com mascus-pseudomasculinistas-perdedores, e chamando palavras de ordem nas ruas pedindo uma "América Latina  feminista", estes PILANTRAS lacaios da industria farmacêutica, reunidos nos Esteites,estão nos atacando pelas costas e arrumando um jeitinho de sair nos dopando a torto e a direito, só porque não nos  conformamos com essa sociedade heteronormativa, binarista, machista e porca que eles criaram.
Meu CU!!!


E viva o 28 de junho, quando enfrentamos a "puliça" na base da porrada!
*NO PRÓXIMO POST:: "Já não se fazem mas Dantes como outrora"

Adendos importantes: 

1) Pelo que me informaram a posteriori, a equipe do DSM-V apenas teria apresentado uma proposta conceitual  nova: a mudança do nome da "enfermidade", mas por este site, me parece evidente que não há a menor hipotese de diálogo.
2) Esqueci-me de dizer que a equipe de psiquiatras responsáveis pela definição da patologia trans é presidida por dois médicos, o Dr Zucker e Dr. Banchard, ambos favoráveis ao retorno da homossexualidade como patologia. O que estes senhores fazem num grupo tão importante, fazendo este tipo de debate, nem Cher consegue entender.

No closet
Desbundai e putiái!

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