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"O Buraco do meu cu é revolucionário"* (Guy Hocquengheim)

sábado, 13 de outubro de 2012.
Vão tomar no cu!

 Eis que posts antigos começam a retornar do fundo do baú revolucionário. A presente havia postado no blog Além da Parada (no qual eu fazia o papel da virgem queer, hehehehe) Curtam, sem presenvativos;)
Seres anais de todo mundo, uni-vos!

*Frase do francés Guy Hocquengheim (1993)A força transgressora desta afirmativa parece se dever ao fato de que, no seu bojo, traz algo bastante inquietador, uma vez que desloca uma característica política, a revolução, para um outro lugar, ou seja, para um órgão fisiológico, próprio de descarga. Porém, de grande significância erótica, bem como da representação em que se inscreve a conduta do macho. Não que essa parte terminal do intestino por si só seja revolucionária, mas porque exerce a função de divisor de identidades na construção da masculinidade, que fez eco com as falas dos michês jovens - cuja virgindade do ânus e o beijo na boca parecem ser preservados a todo custo.

O padrão tradicional que tipifica a "essência" masculina não admite incertezas, na melhor das hipóteses, a incerteza e desconforto; na pior, um potencial de perigo. Não obstante, produzir confusão e sustentar alguma dúvida pode significar pôr sob suspeita a orientação heterossexual masculina (Giffin e Cavalcanti apud Seffner, 2003).


"Se descubro que um de meus jogadores é gay, eu rapidamente me livro dele" (Luiz Felipe Scolari)

O ânus é um órgão que, para o heterossexual, deve ter unicamente a função excretória, e que, junto à vigilância de não se efeminar, compõe as obrigações fundantes do masculino. Desde tenra idade, são estas pré-condições que fazem o menino, na sua identidade de gênero, perceber-se diferente e superior ao homossexual "passivo" e a mulher. Tomando por base estas ilustrações, pode-se deduzir que o homossexual "passivo" é aquele sujeito que subverte essa ordem, e elege o ânus, além da sua função fisiológica, como fonte de erotismo e gozo sexual. E, ainda fere um outro princípio masculino, por não apresentar atributos masculinos e desejo sexual pelo sexo oposto, que enfatizam o homem viril. Do contrário, ele manifesta trejeitos e maneirismos que são típicos do feminino, ou seja, ele se efemina.

Talvez, a questão da virgindade anal associada à masculinidade seja um tabu mundial. No entanto, parece mais acentuado nos países de cultura machista a exemplo do Brasil.


A pós-modernidade é tipicamente a cultura da emancipação individual estendida a todas as idades e sexo (Lipovetsky, 2005), Todavia, esta mudança liberal ainda suscita o arcaico, a exemplo do uso do ânus como órgão sexual de prazer que, para o homem, está vetado, uma vez que essa modalidade erógena e sexual está fortemente vinculada à conduta homossexual, no caso, "passiva", e a visibilidade do estigma, ambos socialmente condenados. O homem para ser macho tem que, no uso do seu corpo, recorrer unicamente ao seu pênis como instrumento e meio de prazer, para que não deslize para a sexualidade do "diferente".

Para Deleuze (2004), os interesses somente serão revolucionários, quando desejo e máquina não se tornarem únicos, e se voltarem contra os chamados dados naturais da sociedade capitalista. Com base nesse autor, pode se pensar em que o comportamento homossexual assumido ou com "visibilidade do estigma" concretiza-se como um tipo específico de revolução. Uma vez que esse indivíduo pode negar essa condição ou passar incólume com a "fachada" de heterossexual. Não é uma atitude anárquica desnudar o próprio desejo proibido perante "olhar público", contrariando as vertentes biológica, social, cultural e outras, com todos os riscos em que isto implica? Nesse sentido, certamente, não se constitui numa tarefa fácil renunciar a uma representação de si com qualidades extraordinárias e promessas grandiosas que, durante anos, lhes serviram de modelo (Nolasco, 1986)."

Eis um bom resumo do artigo intitulado "A visibilidade do suposto passivo: uma atitude revolucionária do homossexual masculino" de Valdeci Gonçalves da Silva, Professor Titular do Departamento de Psicologia da UEPB.

Disponivel em sua íntegra em:http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482007000100006

A palavra CU monossilabico escatológico incomoda muitos LGBT que preferem sustentar em princÍpios de rechaços do comportamento passional do gay ou o silêncio pelo incomodo de citar uma área erógena que não lhe é permitido ao prazer, tabulizando e contribuíndo a opressão da sexualidade humana, ou será como um exame de próstata, algo que ocorre mais jamais divulgado.

Alias,

Que olho é esse?

Em 1973, o compositor Tom Zé lançou pela gravadora Continental o LP "Todos os Olhos".


A capa está reproduzida ao lado, e por muito tempo trazia um enigma: que olho era esse?


Segundo o próprio Tom Zé ninguém nunca chegou a descobrir do que se tratava, até que ele mesmo resolveu contar e solucionar o enigma.


Para contextualizar melhor, deve-se lembrar que a época era de plena ditadura militar no Brasil e que várias músicas dele já haviam sido censuradas.


Seu amigo, o poeta Décio Pignatari, propôs:
"Vamos sacanear estes caras... Por que não colocamos um cu na capa?".

Tom Zé com certa relutância falou:
"Tá maluco, como vamos fazer isso, vamos ser presos!"

Depois de descobrir a maneira como seria feito, topou.

Décio então, arrumou a "modelo", colocou uma bola de gude "lá" e fotografou em foco fechado.

O resultado foi exposto nas vitrines das lojas e a censura nem imaginou do que se tratava.
Lembrem que nesta época não havia os recursos de computador que temos hoje... portanto...
A FOTO é VERÍDICA!!!

*(com a colaboração de Fukumaru, da comunidade Racismo e Homofobia Nunca, do Orkut) 

No closet

Desbundai e putiái!
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